domingo, 27 de setembro de 2009

A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA

A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA


Cátia Regina de Oliveira Schneider
Prof. Marcos Neotti
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em História (HID2021) – História da Educação
27/09/09

RESUMO

A Educação na Idade Média é uma síntese da fundamentação da Educação Medieval, onde a religião surge como elemento singular, que, exposto à racionalidade, acentua a preocupação apologética, ou seja, a defesa incontestável da fé cristã. Divide-se a educação na Idade Média basicamente em duas tendências que aqui estão especificadas: a educação Patrística e a Escolástica, representadas respectivamente e principalmente por Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino.

Palavras-chave: Educação; Religião; Razão.


1 INTRODUÇÃO

Este estudo trata da educação no período medieval (sécs. V a XV), portanto mil anos, onde esta foi marcada pela tentativa de conciliar a razão e a fé.

Com a queda do Império Romano (séc. V), deu-se a formação de inúmeros reinos bárbaros cujo os chefes pouco a pouco foram sendo convertidos ao cristianismo, surgindo assim uma soberana influência da Igreja na educação do mundo ocidental.

O predomínio da temática religiosa, da defesa da fé cristã e do trabalho de conversão dos não-cristãos, onde o “crer para compreender e compreender para crer” fez com que a cultura greco-romana praticamente desaparecesse, principalmente no período feudal, salvo pelos monges que conseguiram conservá-la nos mosteiros.

Pode-se dividir, simplistamente, a Idade Média em duas tendências fundamentais: a Educação Patrística, que auxilia a exposição racional da doutrina religiosa, e a Escolástica, dominante nas escolas durante o Renascimento carolíngio, onde se pretende promover uma especulação filosófico-teológica.



2 A EDUCAÇÃO PATRÍSTICA


Filosofia contida nos trabalhos dos Padres da Igreja, (de onde originou-se o nome), inicia-se no período decadente do Império Romano, no século III.

A retomada da filosofia platônica fundamenta a necessidade da criação de uma rigorosa ética moral, do controle racional das paixões e a predileção pelo supra-sensível.

A patrística auxilia a exposição racional da doutrina religiosa, preocupando-se principalmente com a relação entre fé e ciência, com a vida moral, com a natureza de Deus e da alma.

Alguns de seus representantes principais foram Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano. Porém, a figura de principal destaque é Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona.

Santo Agostinho defende uma iluminação pela qual a verdade é infundida no espírito humano por Deus e segue, conforme citado anteriormente, a tradição platônica, que “via sempre o Perfeito por trás de todo imperfeito e a Verdade absoluta por trás de todas as verdades particulares”. (ARANHA; MARTINS, 1986, p.134).


3 A EDUCAÇÃO ESCOLÁSTICA

A especulação filosófico-teológica que se desenvolve do séc. IX até o Renascimento é denominada escolástica, assim designada por ter sido dominante nas escolas surgidas durante o Renascimento carolíngio.

O Imperador Carlos Magno (séc. VIII), com o intuito de incrementar a cultura, fundou as escolas monacais, junto aos mosteiros, as catedrais, junto às igrejas e as palatinas, junto às cortes. Contratou diversos sábios, como o inglês Alcuíno de York, que foi diretor da escola instalada no palácio do próprio Imperador.

A base do currículo educacional medieval, tratou sobre tudo das “Sete Artes Liberais”, distinguidas já por Platão no que chamou de trivium (gramática, retórica e dialética) e quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia). As artes liberais eram assim chamadas por compreender não somente o conhecimento, mas uma produção que decorria imediatamente da razão.

Desenvolveu-se então um novo conceito de educação, onde, acreditavam os pensadores desta época, as palavras possuíam em si a possibilidade de resgatar a experiência humana esquecida.

As universidades surgiram a partir do séc. XI, destacando as de Paris, Bologna e Oxford, tornando-se focos fecundos de reflexão filosófica.

A Igreja condena, a princípio, o pensamento aristotélico, que, traduzido a partir do séc. XII, chegava deformado à Europa, adquirindo contornos panteístas, pois era traduzido do grego para o sírio, do sírio para o árabe, do árabe para o hebraico e do hebraico para o latim medieval.

Santo Tomás de Aquino consulta a tradução de Aristóteles feita diretamente do grego, recupera o pensamento original, faz as devidas adaptações à visão cristã, e escreve a “Suma Teológica”, onde as questões de fé são abordadas racionalmente e coloca a filosofia como instrumento de auxílio ao trabalho da teologia. Aristóteles assim é cristianizado e surge então a filosofia aristotélico-tomista.

O mais destacado dos escolásticos, Santo Tomás de Aquino (1225-1274), dividia as verdades em duas categorias: crenças cujas as veracidades podiam ser provadas com a razão, e crenças cujas as verdades ou falsidades não podiam ser provadas. Considerava que a razão não era inimiga da revelação, e que, quanto mais racional a humanidade se tornava, também se tornava mais cristã.

À partir do século XIV, posturas dogmáticas contrárias à reflexão, obstruem as pesquisas e a livre investigação. Assim, a escolástica sofre um processo de autoritarismo, o “princípio da autoridade”, a aceitação cega das verdades dos textos bíblicos.

Este período, denominado de a fase do magister dixit, que em latim significa “o mestre disse”, é marcada por um rigoroso controle, feito pelo Santo Ofício (Inquisição), órgão da Igreja que examinava o caráter herético das doutrinas. As obras julgadas proibidas eram colocadas numa lista, o Index. Caso considerassem o caso muito grave, o próprio autor era julgado, e se condenado, queimado vivo. Se a leitura fosse permitida, recebia a nihi obsta (nada obsta), e podia ser divulgada.

Uma das figuras pouco enquadradas à escolástica com mais expressão foi o padre franciscano Roger Bacon (séc. XIII), pertencente à Escola de Oxford. Bacon foi perseguido em várias ocasiões, por gerar desconfiança ao tentar aplicar às ciências métodos de experimentação e matemáticos.


4 CONCLUSÃO

A educação no período medieval destaca a influência e soberania da Igreja, podendo-se concluir que este foi um período em que a educação sofre uma certa obscuridade. Há um absoluto interesse pelas discussões religiosas. Mesmo quando se envolve a razão, a “revelação” surge como verdade única na produção do conhecimento.

A Patrística, onde se infunde a fé como uma verdade incontestável e irreflexiva e a Escolástica onde se começa a especular sobre a fé, porém aceitando o que a razão não explica, não permitiam ao estudante e aos pensadores o livre pensar, o que era passível de severas e rigorosas punições.

A educação medieval também reedita a valorização do conhecimento teórico, e desdenha as atividades práticas e manuais, isso sendo observado com maior ênfase no período do modo de produção feudal.


5 REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1986. p.132-138.


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